Eu não acredito! Aquele otário ficou-me com o par! Mas quem é que ele pensa que é?! Juro que se ele me aparece à frente eu desfaço-o! Enquanto deambulava de um lado para o outro e resmungava para comigo mesmo ao lado da mesa das bebidas, a multidão de adolescentes dançava ao som da música exageradamente ritmada e alta.
A raiva percorria cada nervo do meu corpo e cada instinto meu. Ainda nem queria acreditar que o anormal do Jake me roubou a Rose! Logo na gala de finalistas! Logo na música romântica em que era suposto estarmos agarrados! Quando descobrir o tal segredo dele toda a gente ficará a saber!
- Rob! – Carl gritava o meu nome, vindo a correr na minha direcção. – Descobri! Estão aqui as provas! O Jake Strange é um anjo da morte! Todas as nossas suspeitas eram verdadeiras! Rob! Ele está lá fora sozinho com a Rose!
Carl falara tão depressa e com tanta urgência que precisei de alguns segundos para processar a informação. Assim que o fiz, arregalei os olhos como nunca antes o tinha feito e saí a correr porta fora. As pessoas que se agitavam de um lado para o outro faziam de tudo para me atrasar, empurrando-me para todas as direcções. Empurrando de volta, consegui fazer caminho até à porta, saindo a correr. Escorreguei ao sair da sala, caindo. Cada segundo era precioso naquele momento! Não podia atrasar-me mais do que já estava ou então… Nem queria pensar no assunto. Abstraí-me da ideia, pensando em correr mais depressa.
O meu coração parecia um sismo dentro do meu peito. Cada batida era como um tiro que me arrebatava. Mas isso não me podia atrasar. Sabia, por uma razão qualquer que desconhecia, que eles se encontravam no pátio. E aí estavam eles. Rose sentado no banco, com o seu cabelo ruivo atado, com o seu vestido azul-céu que lhe dava um ar angelical, qual espectro que enchia a minha alma. Sentada ao pé dela estava o monstro que estava prestes a tirar-lhe a alma. Aquela alma imaculada, a razão do meu viver! Jake, louro de olhos cinzentos, fixava os olhos dela, castanhos avelã. Esticou o pescoço e beijou-a com intensidade. Ela retribuiria o beijo se pudesse, mas, no momento em que os lábios dele tocaram nos dela, esta colapsara para cima dele, inerte… morta. A sua cara, escondida pelos cabelos ruivos ondulados, não transmitia sentimento nenhum. Nem felicidade nem agonia. Nada! Os olhos cinzentos do monstro à minha frente fitaram os meus, com espanto e raiva.
No dia seguinte, a notícia da morte de Rose era motivo de conversa em todos os corredores. Tal como a notícia do meu desaparecimento…~
Leonardo Silva
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