Matem-me! Matem-me! Acabem com isto!
Lovane era consumida pelas chamas infernais, pela água gélida do árctico, pelo céu de infinita escuridão. Ela ansiava pela chegada da morte. Nem mesmo a morte seria tão dolorosa quanto este inferno!
A dor foi-se extinguido, lentamente, após dias de tormento. Quando o seu corpo ficou apto para tal, a mulher levantou-se. Sentia-se outra; como uma Fénix que renascia das suas próprias cinzas. A silhueta sensual da mulher era iluminada pela fraca luz do luar. Lovane sentia-se forte, indestrutível… sobre-humana!
Todos os seus sentidos se tinham apurado naquele espaço de tempo. Conseguia ver no escuro, ouvir os ruídos a quilómetros, cheirar partículas que nunca antes tinham chegado ao seu nariz…
Um cheiro intenso a sangue passou por ela, e os seus olhos ficaram vermelhos de ânsia. Lovane saciava aquele sangue, mais que tudo na «vida», como se de uma selvagem se tratasse.
Esse foi o dia em que a jovem inocente Lovane morreu, e um «demónio» possuiu o seu corpo.
Desde esse dia, Lovane conseguira controlar a sua sede vampírica e arranjado uma estratégia. A sua primeira vítima desta estratégia – a primeira cobaia – fora um jovem empresário milionário que se encontrava num bar, sozinho. Ela conseguira persuadi-lo a uma noite escaldante e o pobre homem acabou por se apaixonar pelo monstro disfarçado de perfeição. Casaram-se e, uma semana após a cerimónia, ele foi encontrado morto, sem pinga de sangue. A polícia nunca chegou a encontrar o assassino. Nem o assassino nem a mulher do morto, que fugira com toda a fortuna do esposo.
Muitos outros humanos do sexo masculino foram após este, e assim Lovane foi fazendo o seu “jogo” macabro, atraindo vários homens ricos e sós para a sua teia, com o seu corpo sensual e a sua mente meticulosamente perversa.
Lovane ouviu alguém aproximar-se, quebrando a sua viagem ao passado, extraordinariamente pormenorizada. Avistou um casal que namorava ao luar.
Míseros humanos…
Levantou-se, abandonou o parque e continuou com a sua fuga, dissipando-se na escuridão da noite.
Leonardo Silva
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