quarta-feira, 28 de abril de 2010

vermelho (2)


Um rapaz de 6 anos vivia numa cidade importante, num apartamento mobilado convenientemente.

Foi no dia 13 do sexto mês que completou os 7 anos e experienciou o seu primeiro contacto com um fluido vermelho.

Tudo aconteceu depressa. Ele escorregou da cadeira, agarrou a mae na tentativa de amparar a sua queda e levou a mae a perfurar a linda traqueia numa estátua estranha e esotérica.

Ele ria-se, ria-se… Ria-se como se nao houvesse amanhã! Que cómico era a criança a chapinhar no sangue como se fosse uma poça de lama. Tão querido!

Mas o verdadeiro prazer foi quando o levou aos labios... Doce, ferroso e tão víciante… Era uma droga! Nos anos que se seguiram, nao conseguia quase viver sem aquela droga (cocaína vermelha, chamava-lhe). Até que descobriu um segundo prazer. A sensação de matar, do peso da alma na consciência. Esta nova sensação era quase tão boa como o gosto do sangue fresco. A lâmina a dilacerar a carne e os esguichos de sangue que ele limpava com uma bela e retorcida língua, qual lâmina movida tão graciosamente como se de um ballet se tratasse.

Aquele sangue espalhado na parede como uma pintura… PURA ARTE!

Quando chegou aos 18 anos de idade, separou-se do pai e foi viver para um apartamento cheio de estátuas estranhas e esotéricas... Recordações...


Daniel Rodrigues

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