
Tentava encher o vazio que sentia no peito com ar. De certo que aliviava a dor, mas não a extinguia. Continuava lá. Voltei a amansar a dor, com novos grandes golos de ar, sustendo-os mesmo ao pé do vazio - do buraco -, tentando com os goles preencher aquele espaço. Por mais vezes que o fizesse, o meu peito continuava a ser consumido pela angústia.
Sentia-me só. Parecia que a única pessoa que me entendia me «traíra», se afastara e fora pelo outro lado da estrada, seguindo o seu próprio caminho, sem sequer se aperceber de como eu me sentia infeliz com isso. Contudo, ficava feliz por ela. Era o melhor a fazer e o mais sensato. Não ia seguir o mesmo caminho que eu só por minha causa, para não me magoar! Não a iria impedir de seguir outro caminho. Mesmo assim (mesmo sabendo que era o melhor e que era isso o correcto) sentia-me magoado, traído.
A razão pelo qual sentia este vazio interno era absurdo! Sentia-me ridículo por me sentir assim. Ridículo é pouco! Sentia-me ridículo, estúpido, parvo, idiota, pateta, envergonhado comigo próprio! O sentimento de traição que nutrira daquela razão fazia-me sentir a pior pessoa do mundo. Fazia-me sentir... egoísta!
Não quero sentir isto! Não quero ser assim! Não quero ouvir o que esta voz áspera e cheia de egocentrismo me tem para dizer! Não me quero sentir mais manipulado por sentimentos que sei que não quero sentir! Quero ser livre! Quero puder escolher os sentimentos que invadem a minha alma! Quero puder ter escolha!
Mas como evitar algo inevitável? Como evitar algo sob o qual não temos controlo nenhum? Algo que já é de nós próprios, algo interior?
Pois, parece que vou ter que lidar com isto até durar...
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